segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Os três níveis de representação da mandala, segundo JUNG.


Os estudos de Jung sobre as mandalas, nos faz entrar em contato com o universo psíquico projetado nos desenhos. Segundo Jung, as mandalas oferecem toda uma gama de simbologias que estão ligadas diretamente com os processos da fantasia, dos desejos, das motivações do inconsciente do indivíduo que a representa. Toda essa representação de conteúdos internos, é fundamental para que o indivíduo consiga visualizar aquilo que o toma diariamente, por mecanismos de atuação condicionada e automática. Possibilitar ao indivíduo a visualização dos processos internos, dá a ele a possibilidade de fazer o devido manuseio diante das revelações que os simbolismos da mandala lhe revela. Assim, a atuação do Arte terapeuta assume a função de mediação no processo de transcendência para a individuação dos temas.
Jung também pontua que percebeu nos orientais que desenhavam mandalas, uma motivação pelo "encontro com Deus", com o "Divino". Essa característica de centralização que a mandala oferece, pode explicar o movimento que os orientais fazem ao elaborar suas mandalas. O encontro com o centro, com o Self, é o Verdadeiro Encontro com a própria Essência: é a visualização do que temos por Dentro, aquilo que não conseguimos enxergar olhando fisicamente para nós mesmos. Nossa expressividade na mandala, nos mostra nossa Essência, nosso ponto de ligação com o Poder Maior que nos vivifica, com as estruturas que nos compõe como indivíduos e também das estruturas que nos compõem como seres sociais. Essas três estruturas propostas por Jung, são exemplificadas no desenho:


A estrutura psíquica segundo JUNG - Representação: Arthur Fernando Drischel.
Proibida Reprodução - Lei de Direitos Autorais.


  • Si mesmo é a representação da Essência (Self) e da nossa ligação com o Pode Maior que nos vivifica; 
  • Inconsciente pessoal é a representação das nossas vivências como indivíduo, nossa estrutura psíquica de interações com o Self;
  • Inconsciente coletivo é a representação das nossas vivências gregárias e das nossas memórias ancestrais.
Ainda seguindo as proposições de Jung a respeito da mandala, segue-se uma função indiscutível que a mandala oferece ao indivíduo: dar a noção de que toda a representação da psique na estrutura mandálica, pressupõe um CENTRO. O CENTRO pressuposto na representação da mandala é exatamente o que Jung chama de SI MESMO. O Si Mesmo então, precisa ser melhor esclarecido, para que não se confunda com o egocentrismo. O egocentrismo é quando a consciência do indivíduo está centrada nas vontades e desejos do EGO, e não nas missões e evolutividades propostas pelo núcleo da Essência do Si Mesmo. Existe uma diferença enorme entre estar egocentrado e centrado em Sí Mesmo. A diferença é a atitude. O Ego é uma estrutura que deve servir de FERRAMENTA para a constituição de elementos da personalidade, e não deve ser usado como GUIA de conduta. O EGO não tem ligação direta com o Poder Maior que o Si Mesmo tem, portanto, os conteúdos representados pelo Ego serão mais baseados em necessidades HUMANAS do que as ESPIRITUAIS. As necessidades Espirituais sim, são representadas pelo Si Mesmo, por estarem ligadas a um Poder Maior de Sabedoria, e são elas que mostram nossa missão e sentido de existência (da Sabedoria Espiritual que a vivifica). O contato com essa missão e sentido é que favorecem a saúde psíquica como um todo, pois, a harmonização da consciência com os Verdadeiros objetivos a que ela precisa operar, é que a tornam digna de ser usada saudavelmente em prol da evolutividade do ser mandálico em equilíbrio para sí e para a sociedade onde convive.


Fonte:
JUNG, Carl Gustav. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. – Petrópolis : Vozes, 2000. Cap. XII - O simbolismo das mandalas.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A cristalização de potenciais na mandala....

Proibida a reprodução - Lei de Direitos Autorais.
A cristalização.
É fato que a cristalização tem a ver com a concretização e solidificação de algo que antes era amorfo. Cristalização tem um sentido metafórico, porém bem objetivo: mostrar que jóias estão escondidas na nossa sombra interior. A sombra tem um errôneo rótulo de negatividade. A sombra, segundo C.G.Jung, é o nosso lado oculto, que guarda não só os conteúdos vividos e colocados lá pela inabilidade da consciência, mas que também guarda nossos potenciais desconhecidos. Ora, sombra não é ausência de luz? Então, como vamos encontrar os potenciais, os talentos, as virtudes e as qualidades na ausência da luz???
A mandala é o caminho, pois ela tem em sí a impressão materializada do Self. Sendo assim, a materialização da mandala como holograma de nossa vida intra psíquica, nos leva a ver o que fechando os olhos apenas não é possivel enxergar por dentro. A mandala mostra, na luz que bate na obra e estimula a retina, o que existe dentro de nós, o oculto numa sombra que nem sempre há algo de ruim.
As pedras então são as representações de nossos potenciais. Nossos tesouros interiores são as nossas ferramentas mais nobres, as que nos permitem evoluir no processo de escolhas e ações conscientes. Cada pedra colocada em uma mandala, é um caminho de possibilidades evolutivas dentro da própria capacidade inata de se auto gerir. É preciso conhecer os tesouros para tomar posse deles. E a mandala nos permite a esse encontro: o encontro com o que há de melhor dentro de nossa escuridão.